A ciência diz que quando nos apaixonamos melhora a nossa saúde e o nosso bem-estar, mas não precisamos realmente de encontrar “o/a tal” para aproveitar os benefícios!

“Uma vida sem amor é como uma árvore sem flores”, escreveu o profeta Khalil Gibran. Desde cair na luxúria durante a euforia inebriante do início do namoro, até à rotina reconfortante de companheirismo na idade avançada, não há como negar que o amor romântico é uma das experiências mais ricas da vida. E, de acordo com a investigação, não só nos torna mais felizes como também mais saudáveis.

Estudos na universidade de Utah descobriram que quem está em relações românticas vai menos ao médico, fica menos tempo internado no hospital, e tem menor probabilidade de sucumbir aos efeitos negativos do stress, da ansiedade ou da depressão. 

Apesar de haver vários tipos de amor, que nos proporcionam uma sensação profunda de pertença, é com o amor romântico que estamos mais obcecados a nível cultural. De facto, é tão poderoso que os elementos de casais idosos muitas vezes morrem com semanas de diferença, porque os seus corações sofrem com a perda. O amor romântico é, portanto, uma força vital comprovada. 

Mas há um lado negativo deste aparente remédio para o bem-estar… Bem, como 323 milhões de pessoas em aplicações de encontros lhe diriam, não vem com receita. O amor pode mover o mundo, mas é preciso encontrá-lo primeiro. Além disso, depois de o encontrar, não há garantia de quanto irá durar. Um adulto comum passa por três términos de relacionamentos e passa um ano e meio a ultrapassá-los. É realmente esta a melhor base sobre a qual construir a nossa saúde e a nossa felicidade?  

Poetas, filósofos, psicólogos e muitos outros tentam desde há muito definir o amor. Mas é geralmente consensual que a intimidade emocional, o afeto e o compromisso são componentes essenciais. E os especialistas lembram-se cada vez mais de que existem outras conexões que podemos promover nas nossas vidas para obter tudo isto e muito mais.  

Embora a ligação entre o amor romântico e a saúde seja clara a nível científico, uma relação romântica não é necessariamente a chave para uma vida feliz e saudável.

Nos últimos anos tem havido uma grande mudança de mentalidade, pois é possível encontrar amor e felicidade fora de uma relação romântica. Existe um grande desejo por novas amizades, novas experiências, novos hobbies, novas rotinas de autocuidados e uma evolução sobre saúde mental.

Uma forma comprovada de cultivar a conexão, a pertença e a comunidade é encontrando um hobby que adoramos. Qualquer coisa que possamos fazer nos tempos livres para nos divertirmos, que relaxe a nossa mente, é considerado um hobby, e pode ir desta fazer crochê a ir caminhar, a fazer aulas de cerâmica ou a estar numa equipa desportiva. 

Está provado que envolvermo-nos em atividades de lazer ou hobbies reduz os níveis de stress, levando a uma melhor saúde física e a melhores relações. As atividades criativas são um bom local para começar. As investigações também sugerem que existem muitos benefícios associados a hobbies a solo, que podem ser ainda maiores se forem hobbies em grupo ou em equipa. Isto é porque proporcionam uma maior oportunidade para conexão social e apoio, que são vitais para o bem-estar. E, dentro destas ligações com pessoas com mentalidade idêntica, pode nascer um tipo de amor diferente. Os laços criados através de uma paixão comum por andar a cavalo ou por música duram mais do que muitas relações românticas. 

A compreensão de que o amor não tem de ser com alguém com quem se tem sexo ou o tipo de amor apresentado em filmes românticos ou contos de fadas pode melhorar o bem-estar, especialmente para quem ainda não encontrou parceiro(a) ou para quem está a superar um término. Mas, notavelmente, nem precisamos de sentir uma grande proximidade com as pessoas nas nossas vidas para sentirmos os benefícios de bem-estar de estarmos ligados.  

E existem sinais de que a sociedade está a começar a reconhecer que as histórias de amor têm muitas formas. 

Um estudo dinamarquês descobriu que os gémeos têm menos probabilidade de casar, porque já têm um parceiro(a) desde que nasceram. A vida em comunidade cresceu desde a pandemia. A lista de pessoas que encontram o amor fora de um relacionamento continua a aumentar, porque os The Beatles tinham realmente razão: tudo o que precisamos é de amor. Só precisamos de pensar de modo diferente sobre onde o encontrar. 

Fontes: Health, University of Utah; The Guardian (Is the boom in communal living really the good life?); Rituals (Porque pode estar a procurar o amor em todos os lugares errados)