O que é descolamento da retina?
O descolamento de retina é um problema grave em que ocorre o descolamento da retina neurossensorial do epitélio pigmentado, podendo provocar perda de visão e cegueira.
A retina possui um importante papel na visão. É uma fina camada de tecido, sensível à luz, localizada na parte mais interna do olho. O sistema ótico do olho foca a luz na retina, esta recebe as imagens e envia-as para o cérebro, através do nervo ótico sob a forma de impulsos nervosos.
O descolamento posterior do vítreo, lesões ou traumas no olho ou na cabeça podem causar rasgaduras ou buracos na retina. As rasgaduras permitem que o vítreo se infiltre para debaixo da retina. O descolamento inicial da retina pode ser localizado ou amplo, todavia se não se efetuar um tratamento rápido toda a retina pode descolar, levando à perda da visão e cegueira.
O descolamento da retina é um problema grave e que necessita de tratamento urgente. Se suspeitar de poder ter um descolamento de retina deve entrar, urgentemente, em contacto com um oftalmologista, pois podem advir danos permanentes na visão, caso o descolamento não seja reparado nas primeiras 24 a 72 horas.
Deslocamento da retina
Deslocamento da retina é a mesma coisa que descolamento da retina. Muitas vezes, as palavras descolar ou deslocar são utilizadas indistintamente, ou seja, deslocamento de retina ou “retina descolada” são ambas formas de dizer descolamento da retina, sendo contudo este último, o termo vulgarmente utilizado pelos médicos oftalmologistas.
Tipos de descolamento de retina
No descolamento de retina podem ocorrer os seguintes tipos: regmatogénio, seroso ou exsudativo e tracional.
Descolamento de retina regmatogénico
O descolamento de retina regmatogénico ocorre devido a uma rotura na retina (rasgadura na retina) que permite ao vítreo passar para o espaço sub-retiniano (entre a retina sensorial e o epitélio pigmentado da retina).
As ruturas retinianas podem ser divididas em três tipos: buraco na retina, rasgo ou rasgadura na retina e diálise na retina. Os buracos formam-se devido à atrofia da retina, especialmente numa área de degenerescência lattice. As rasgaduras devem-se à tração vítreo-retiniana. As diálises são muito periféricas e circunferenciais e podem ser causadas tanto por tração como por atrofia. A forma atrófica ocorre mais frequentemente como diálise idiopática do jovem.
Descolamento seroso exsudativo da retina
O descolamento seroso ou exsudativo da retina ocorre devido a inflamação, lesões ou anormalidades vasculares que resultam na acumulação de fluido sob a retina, sem a presença de um buraco ou rasgadura.
Na avaliação do descolamento da retina, é fundamental excluir a hipótese de descolamento exsudativo porque este tipo de descolamento não possui indicação cirúrgica. Embora raro, o descolamento exsudativo pode ser causado por um tumor sub-retiniano, ou seja, localizado na coróide. Este é o chamado cancro ou melanoma coroideu.
Descolamento da retina tracional
O descolamento da retina tracional ocorre quando o tecido fibroso ou fibrovascular, causado por inflamação ou neovascularização, repuxa a retina sensorial, separando-a do epitélio pigmentado da retina.
Alguns descolamentos da retina resultam de traumatismos, incluindo os da órbita e os cranianos.
Sintomas no descolamento da retina
Conhecer e estar atento aos sintomas de descolamento de retina e tomar medidas atempadas é essencial, caso contrário podem ocorrer sérios danos na visão que podem em último caso levar à cegueira.
O descolamento de retina é indolor, mas há sinais e sintomas de alerta que quase sempre aparecem antes do descolamento ocorrer ou avançar.
Os sintomas de descolamento de retina podem incluir a percepção de corpos flutuantes – pequenos pedaços de detritos no campo de visão que se parecem com manchas, pelos, aranhas ou moscas que parecem flutuar na frente dos olhos. A maioria dos doentes refere-se a estas manchas como “moscas volantes”.
Outro dos sintomas frequentes no descolamento da retina é a perceção de “flashes de luz” no olho afetado. Este fenómeno é chamado de fotopsia.
Outro dos sintomas frequentes é percepção de uma sombra ou cortina no campo visual que vai aumentando à medida que o descolamento progride e finalmente ocorre a perda de visão central.
O descolamento de retina é, geralmente, precedido de descolamento posterior do vítreo que origina os seguintes sintomas:
- Flashes de luz (fotopsia);
- Súbito e enorme aumento do número de corpos flutuantes “moscas volantes”;
- Ligeira sensação de peso nos olhos.
Em caso de aparecimento de flashes de luz ou “moscas volantes” deve-se consultar de imediato um médico oftalmologista.
Causas no descolamento da retina
As causas do descolamento de retina podem ser várias, a saber:
Buraco na retina
Envelhecimento ou distúrbios da retina podem-lhe originar áreas mais finas que podem favorecer a formação de buracos.
Rasgaduras na retina
O descolamento da retina devido a uma rasgadura desenvolve-se tipicamente quando existe um súbito descolamento do vítreo, causando tração na retina suficiente para criar uma rasgadura.
Tração na retina
O descolamento tracional da retina deve-se à existência de membranas fibrovasculares formadas entre a retina e o vítreo posterior. À medida que estas membranas se desenvolvem, a estrutura arquitetónica da retina é alterada, causando tração tangencial até culminar com o seu descolamento.
Acumulação de líquido sob a retina
Em determinadas condições inflamatórias ou outras perturbações, o fluido também pode acumular-se sob a retina, sem haver rasgaduras ou buracos na retina.
Factores de risco
São fatores de risco de descolamento de retina:
- Envelhecimento – o descolamento de retina aumenta nas pessoas com mais de 40 anos de idade;
- Descolamento de retina anterior num dos olhos;
- Uma história familiar de descolamento de retina;
- Retinopatia diabética;
- Glaucoma;
- Alta miopia;
- Cirurgia ocular anterior, como cirurgia de catarata;
- Lesão ocular grave ou trauma;
- SIDA;
- Eclâmpsia;
- Homocistinúria;
- Hipertensão maligna;
- Retinoblastoma;
- Tabagismo ativo e passivo;
- Síndrome de Stickler;
- Doença de von Hippel-Lindau.
O descolamento de retina pode ser prevenido, em alguns casos, quando os sinais de alerta são identificados prematuramente.
Os meios mais eficazes de prevenção e redução dos riscos são a educação e o aconselhamento das pessoas, no sentido de procurarem o oftalmologista logo que sintam alguns dos sintomas sugestivos de descolamento do vítreo posterior.
Diagnóstico no descolamento da retina
O descolamento de retina pode ser diagnosticado através da retinografia ou oftalmoscopia. A fotografia do fundo ocular carece, geralmente, de um instrumento consideravelmente maior do que o oftalmoscópio. Todavia, possui a vantagem de aproveitar a imagem para ser examinado por um especialista noutro local e/ou noutra altura, bem como o fornecimento de documentação fotográfica para referência futura.
Descolamento de retina tem cura?
Embora grave, o descolamento de retina tem cura com tratamento adequado.
Saiba, de seguida, como tratar o descolamento de retina.
Tratamento do descolamento de retina
O tratamento para descolamento de retina é sempre cirúrgico. O tipo de técnica cirúrgica depende do tipo de descolamento. Conheça de seguida a cirurgia.
Cirurgia no descolamento de retina
Na cirurgia de deslocamento de retina (ou operação) existem vários processos de tratamento, tendo todos eles como denominador comum encontrar e proteger as rasgaduras e buracos na retina. Todos os procedimentos cirúrgicos seguem os mesmos princípios gerais, a saber:
- Identificar ruturas na retina;
- Proteger todas as ruturas retinianas;
- Aliviar o presente (e futuro) de tração vítreo-retiniana.
Conheça, de seguida, os procedimentos cirúrgicos mais utilizados.
Fotocoagulação a laser, criopexia
A criopexia (congelamento) ou fotocoagulação a laser são usadas, ocasionalmente, com o propósito de barrar uma pequena área de descolamento de retina, rasgadura ou buraco para que o descolamento de retina não se dê ou não aumente.
Indentação escleral
A indentação escleral é um tratamento cirúrgico no qual o cirurgião coloca uma ou mais fitas de silicone na esclera. Estas fitas servem para empurrar (indentar) a esclera para dentro contra a rasgadura ou buraco da retina, fechando, assim, a rutura ou reduzindo o fluxo de fluido que passa através dele, reduzindo consequentemente o efeito de tração vítrea, permitindo desse modo a aplicação da retina. A crioterapia (congelamento) é aplicada ao redor das ruturas retinianas antes de colocar a fita. Por vezes, o fluido sub-retiniano é drenado para permitir a aplicação da retina.
O efeito colateral mais comum resultante da colocação da fita de silicone é a indução de miopia, isto é, o olho operado será mais míope após a operação.
Retinopexia
A retinopexia é, geralmente, realizada sob anestesia local. É um método de tratamento de alguns descolamentos de retina, em que uma bolha de gás (gás SF6 ou C3F8) é injetada dentro do olho. A cabeça do doente é, de seguida, posicionada de modo que a bolha bloqueie o orifício da retina. Os doentes podem ter que manter a cabeça posicionada vários dias, para manter a bolha de gás em contacto com a lesão retiniana. A tensão superficial da interface gás / líquido veda a rasgadura retiniana, permitindo que o epitélio pigmentado da retina bombeie o liquido do espaço sub-retiniano e a retina aplique (“colada”).
Este procedimento é, geralmente, acompanhado de fotocoagulação laser. A retinopexia tem taxas de sucesso significativamente mais baixas em comparação com a cirurgia de fita de silicone e vitrectomia. Alguns casos de sucesso inicial irão falhar nas semanas e meses, imediatamente, após a cirurgia.
Vitrectomia
A vitrectomia é um tratamento cada vez mais utilizado em descolamentos de retina. A remoção do gel vítreo é, vulgarmente, combinado com enchimento do olho com uma bolha de gás (gás SF6 ou C3F8), BSS ou óleo de silicone. Uma das vantagens de usar o gás nesta operação prende-se com o facto de não haver indução de miopia e o gás ser absorvido após algumas semanas.
O óleo de silicone pode ser usado em certas situações e é removido após um período de 2-8 meses, caso seja necessário. O óleo de silicone é, normalmente, mais utilizado em casos associados à proliferação vítreo-retinopatia (PVR). A desvantagem da vitrectomiaé conduzir à progressão mais rápida de catarata no olho operado.
A vitrectomia é a operação mais realizada para o tratamento de descolamento de retina sendo que 85% dos casos são tratados com sucesso apenas com uma cirurgia e os 15% restantes requerem duas ou mais operações. A recuperação visual demora algumas semanas, por vezes, a acuidade visual pode não ser tão boa como era antes do descolamento, particularmente, se a mácula estava envolvido na área do descolamento.
Cirurgia – pós operatório, recuperação
Com as cirurgias modernas de micro incisões, mais de 90% das pessoas com descolamento de retina podem ser tratadas com sucesso logo na primeira intervenção, embora, por vezes, seja necessária uma segunda intervenção. O resultado visual nem sempre é previsível. O resultado visual final pode demorar vários meses até ser conhecido. Mesmo sob as melhores técnicas e após várias tentativas de aplicar (“colar”) a retina, o tratamento pode falhar e a visão pode, eventualmente, ser perdida.
Os resultados visuais são melhores se o descolamento da retina for reparado antes de ocorrer o descolamento da mácula. É, por isso, que é importante entrar em contacto com urgência com um médico oftalmologista, se visualizar “moscas volantes” e / ou flashes de luz ou uma cortina escura no campo visual.
Fonte: saudebemestar.pt