Olho seco: mais um mártir das máscaras!
A proteção facial é um dos maiores aliados no combate à pandemia, mas o uso prolongado causa desconforto, também a nível ocular. As queixas são crescentes, mas há formas de minorar o problema.
Oito ou mais horas contínuas a usar máscara. Esta é a realidade de muitos que trabalham em locais fechados ou em grupo, onde o uso de máscara é indispensável para a proteção de todos. Mas o uso prolongado da máscara – e, por vezes, de outros equipamentos de proteção – causa desconforto. E os olhos foram os mais afetados.
Devido ao uso de máscara, “os problemas mais frequentes são olho seco e ceratite” (inflamação da córnea) e há um aumento exponencial de consultas relacionadas com o síndrome de olho seco.
O que acontece é que durante a respiração, ao usarmos máscara, o ar sai pela parte superior, o que causa um constante “ventilar” da córnea, provocando maior secura ocular. Tratando-se de ar aquecido, causa alterações no filme lacrimal, que tem como funções a proteção do olho, a lubrificação e a hidratação da córnea. O uso das máscaras prejudica essas importantes funções.
O fenómeno é ainda mais evidente nas pessoas que usam óculos devido ao embaciamento das lentes, embora haja formas de o evitar com soluções anti embaciamento. O risco é acrescido para os utilizadores de lentes de contacto, que apresentam maior propensão para secura ocular.
Segundo os nossos profissionais de saúde ocular, “a maior parte das pessoas usa a máscara sem qualquer problema ou sintoma”. Mas para quem já sofria de patologia de olho seco, o uso da máscara pode agravar a situação. Nos pacientes com olho seco subclínico, ou seja, sem sintomas, a máscara pode espoletar as queixas. Segundo os nossos optometristas, a maioria das pessoas que chegam à consulta já apresentavam síndrome de olho seco, ainda que com poucos e espaçados sintomas, e notaram um agravamento da situação.
Os sintomas das patologias mais frequentes associadas ao uso prolongado da máscara são sensação de corpo estranho, fotofobia, desconforto e lacrimejo. “É a sensação de sentirmos o olho, quando não é suposto sentirmos”.
Alguns dos nossos pacientes relatam que o maior incómodo é saber que não pode ter contacto entre mãos e olhos, pois, com olho seco e prurido, “inconscientemente, a vontade é ir com a mão esfregar” e o desconforto mantém-se mesmo quando já não estão com a máscara.
Há algumas estratégias para minorar o impacto negativo da máscara. A principal é o correto uso deste equipamento, bem ajustado ao nariz. O recurso a adesivos, para uma maior aderência à pele e evitar a passagem do ar, também pode ajudar, assim como a administração de um colírio lubrificante.
O grupo dos trabalhadores que utilizam diariamente e de forma prolongada ecrãs são os de maior risco, pois já têm propensão para os sintomas apresentados mesmo sem o uso das máscaras. Devem, por isso, cumprir as medidas de higiene no trabalho pré-pandemia, nomeadamente a norma 20-20-20, que indica que, de 20 em 20 minutos, é necessário olhar durante 20 segundos para o horizonte, de forma a evitar a fadiga ocular.
O uso crescente de ecrãs e os ambientes aquecidos em que, por norma, nos movimentamos, são o suficiente para causar olho seco. O uso da máscara e a alteração de hábitos durante a pandemia, como o aumento de tempo em frente a dispositivos eletrónicos, só veio agravar a situação.
Se os sintomas persistirem, o ideal, aconselha o presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, é procurar ajuda profissional. São muitos os pacientes, que após prolongado desconforto ocular, decidem procurar ajuda junto dos nossos Optometristas, que recomendam o uso de gotas. Prática que, até agora, tem solucionado o problema.
Os nossos Optometristas sublinham, ainda, a importância de não descurar os óculos. “Começam a aparecer acidentes associados ao fenómeno de retirar os óculos por causa do embaciamento”. “O importante é colocar bem a máscara e evitar o embaciamento, e usar soluções de anti embaciamento eficazes, pois retirar os óculos quando são necessários pode ser perigoso e prejudicar a visão a longo prazo.”
“Os benefícios da máscara ultrapassam qualquer problema que ela possa causar a nível ocular ou outro. O importante é usar a máscara e usá-la de forma correta.”
Fonte: Profissionais de saúde ocular Lojas da Visão, Notícias Magazine, Alcon